Tava numas de escrever um texto sobre o natal, ano novo. Mas, na boa? Por mais que eu escreva sobre esse assunto, nunca chego ao ponto. Passo a impressão de não gostar de natal, de ser azedo, coisa e tal. Não é nada disso. Só não gosto do sentimentalismo do momento. Sinto-me deslocado, manja? Acho esquisito pacas , dentre outras tantas esquisitices da época, sair abraçando ou abraçar todo mundo num determinado horário, num gesto que pode ser feito em qualquer dia do ano. E muita gente chama isso de espiritualidade. Mas sei que o problema está em mim. Afinal, são bilhões de pessoas no mundo todo fazendo exatamente a mesma coisa, correto? Dando um rolê pelos blogs dos amigos, achei esse texto do brother Pierre. Achei perfeito.


40 Festas de Fim de Ano

Faz muito tempo que não curto mais ceia de natal e passagem de ano (3, 2, 1 e todo mundo se torna sentimental). Gosto de estar em casa nessas noites, ver um filme, ler, dormir em paz.
Percebi um dia desses que o legal era quando eu não saia a noite o tempo todo. O bacana era ser um garoto na periferia e ter duas noites de salvo conduto por ano.
A família italiana da minha Mãe se reunia na casa da minha Avó, ela cozinhava bem, tinha o tradicional peru, frango assado, as minhas preferidas rabanadas. Depois na casa da minha mãe tinha o tradicional bolinho de batata recheado com carne moída. Esse bolinho era o preferido do meu Amigo Luizão, ele vinha pra minha casa, a gente revia minha coleção de Playboy, ficava dando risada um tempão dessas coisas bobas que grandes Amigos riem juntos (saudades desse meu Parceiro que se auto denominava um “Marronzinho Provocante”). Sempre tinha um camarada que passava de carro, então nós íamos visitar vários Amigos, comer e beber e rir muito até a alta madrugada.
Lembro do primeiro fim de ano depois que o meu Velho morreu. Ficamos eu e meu tio Epaminondas, que era parceiro de cachaça do Japonês, bebendo uísque Teachers e berrando na cozinha de casa por horas. Naquele momento eu ainda não tinha sentido o baque de perder meu Pai, mas o Amigo dele ali bebendo comigo foi algo emocionante.
Hoje em dia vivo a noite sempre que posso (e muitas vezes, quando não posso também). As festas de fim de ano não são nada demais pra mim. Agora não tenho vontade de me confraternizar com ninguém numa noite natalina ou de reveilon. Nem família, nem Amigos.
Gosto de ouvir os rojões enquanto estou na cama cochilando, quase dormindo, lembrar do sorriso do Luizão, das minhas histórias de garoto da quebrada, pensar que sobrevivi (nem sei porque) e derramar uma lágrima por todos que não estão mais aqui, mas que na minha memória são eternos.
 
(Pierre "Maléfico" Massato)

Nenhum comentário:

Postar um comentário